Batalha na Tumba, Parte 1
Escrito por Shawn Carman
Toshi Ranbo, a Cidade Imperial, ano de 1160
As celebrações lá fora atingiam seu auge. Nunca houve um festival ou cerimônia que agitasse tanto o povo de Toshi Ranbo. De fato, os cidadãos dessa populosa cidade tiveram poucos motivos para festejarem ao longo do século, visto que seu lar era a guerra e os cercos. A cidade mudou de mãos entre Leão e Garça facilmente dez vezes apenas no século passado, e a quantidade de transições que ocorreram antes que ela entrasse num estado de contenção entre os dois é indeterminável.
Agora, a cidade estava num estado de reconstrução como nunca se viu, e isso foi um grande feito por si só. Num acordo nunca antes visto, os Campeões do Leão e da Garça ofereceram a cidade como a nova capital Imperial, e votaram defende-la juntos de qualquer possível ameaça. Foi assim que ela se tornou a nova Cidade Imperial, substituindo a grandiosa tragédia que uma vez foi Otosan Uchi, e foi aqui que o mais novo Imperador de Rokugan, o homem outrora chamado de Hantei Naseru, foi coroado Imperador Toturi III. Mesmo agora, enquanto ele ficava de pé na sacada observando a celebração na rua abaixo, Naseru não podia deixar de sorrir. Muitos dos anos que se passaram não foram tempos difíceis para o povo de Rokugan. Ele estava feliz agora, mesmo que por um momento, eles podiam esquecer o sofrimento que dominava suas vidas.
“Há poucos homens que podem dizer ter um Imperador como seus alunos,” uma voz familiar, gasta pela idade, disse, “Estou orgulhoso de ser um deles.”
Naseru se virou e sorriu largamente, “Existem menos ainda que podem dizer que seu sensei estava vivo no tempo dos Kamis. Estou realmente honrado de fazer tal afirmação.”
“Uma piada sobre minha idade,” disse Ide Tadaji com enfado. “Posso ver que a dinastia de seu pai está prosperando.” O semblante do homem se tornou um sorriso enquanto se ajoelhava. “Estou honrado em servi-lo, meu Imperador.”
“Levante-se, por favor,” disse Naseru. “Você nunca se curvou perante mim antes, Tadaji-sensei.”
“Sim, de fato,” disse Tadaji. “Estou honrado além do imaginável que você fale assim comigo, meu Imperador, mas não deve fazê-lo. Pelo seu próprio bem.”
O sorriso de Naseru sumiu. “O que você quer dizer?”
“Quero dizer que você é o Imperador. Você deve ser tratado com reverência, em todas as coisas. Permitir o contrário, mesmo para o mais próximo de seus aliados, mesmo à sua própria família, diminuirá seu poder. Isso não pode acontecer por razão alguma.”
Naseru titubeou sua cabeça, curioso. “Tal conselho parece atípico de você, Tadaji-san.”
“É uma lição universal,” disse Tadaji, assentindo, “Todos os Imperadores precisam aprende-la com o tempo. Só quero lhe poupar a dificuldade que tal lição traz.”
“Eu sou o Imperador,” disse Naseru. “Foi decidido entre os filhos de meu pai, e abençoado pelos Céus. Nosso inimigo nas Terras Sombrias foi derrotado, e os conflitos entre os clãs estão no fim. Não haverão descontentes em meu povo. É tempo de paz, pois foram os dias do reino de meu pai.”
Tadaji sorriu com tristeza. “Você vê os passados com os olhos da juventude,” ele riu. “Paz? Dificilmente houve paz nos dias de seu pai. Por um tempo houve, talvez, porque a Guerra dos Clãs, a Guerra contra a Escuridão e a Guerra dos Espíritos simplesmente não deixaram aos clãs recursos para fazerem mais guerras. Se o reino de seu pai continuasse, ele enfrentaria os mesmos conflitos que lhe aguardam.”
“Haverá paz,” insistiu Naseru.
“Quero mais que qualquer coisa que isso seja verdade,” disse Tadaji astutamente. “Mas você acredita nisso honestamente?” Naseru ficou em silêncio por algum tempo. “Quero acreditar,” ele disse finalmente. “Quero crer que todos os sacrifícios que fiz, todos aqueles que morreram sob meu comando, o fizeram por paz ao povo de Rokugan.”
“Espero que um dia tais coisas passem,” disse Tadaji. “E com o tempo, talvez, elas passem. Mas a verdade simples, uma que nunca será dada a você é: a jornada até o seu trono talvez tenha sido a parte mais simples de sua jornada, meu senhor. Os tempos mais difíceis estão à frente. Você deve fazer grandes sacrifícios, e ao mesmo tempo não pode deixar que seu caráter ou honra sejam submetidos à mais simples questão. Ameaças abertas são facilmente lidadas, mas você raramente verá tais coisas. Sutileza será a arma de seus inimigos contra você, e diante de tais coisas, você deve se mover com cuidado por trás da cena e não permitir que os outros vejam nada.”
O Imperador sorriu discretamente. “Dificilmente palavras confortantes de se ouvir de meu conselheiro.”
“Elas não são menos verdadeiras por isso,” continuou Tadaji. “Você fez cosias sinistras para alcançar este ponto, não é?”
“Muitas,” admitiu Naseru calmamente.
“Não o bastante,” corrigiu Tadaji. “O número de tais atos que você será forçado a cometer agora serão incontáveis. Antes, você tinha aliados e inimigos que podiam ser manipulados. Agora, você tem servos e inimigos. Seus inimigos serão muito mais perigosos, e seus servos serão gastos contra eles como pedras num jogo de go.” O velho mexeu sua cabeça. “Vi seu pai ser forçado a fazer tais sacrifícios várias vezes. Eles pesavam sobre ele, mas você tem carregado esse peso sua vida inteira. Você deve ser mais forte.”
“Meu pai,” disse Naseru. “Não posso acreditar que ele fez as escolhas que fui forçado a fazer para chegar a esse ponto. Ele era um homem de honra irrepreensível.”
“Todos os Imperadores fazem decisões difíceis,” insistiu Tadaji. “Toturi as escondia dos outros. Ele compreendia que trono devia parecer intacto, não importando as ameaças que enfrentasse. Aqueles que colocavam um desafio a ele simplesmente… Iam embora. Ninguém nunca viu como.” O velho homem ergueu suas palmas, como se pesasse alguma coisa. “Considere a diferença de seu primeiro sensei, Hantei XVI. Ele estava certo de que todos sabiam de sua mão de ferro, e preço pago foi de fato alto.”
“Aparências,” disse Naseru placidamente. “Pensei que o Imperador estava acima de tais coisas.”
“Ninguém está, particularmente o Imperador.” Tadaji pausou por um momento, batendo seus dedos contra o queixo. “Considere isso por um momento. Entre seus apoiadores, estavam aqueles que acreditavam que estava apto a governar por usar o nome Hantei. Agora você o descartou, e o fez bem, em minha opinião. E quanto a esses apoiadores? Eles o verão com o mesmo favor agora que você dissolveu o pacto que seu pai fez com o Crisântemo de Aço?”
“Minha primeira proclamação será lembrada como uma quebra de juramento.” Naseru olhou em direção à sacada. “Esperei que coisas estivessem abaixo de mim. Tolas esperanças, suponho.”
“Tolice?” Tadaji riu. “Talvez. Mas elas são meramente uma indicação de seu caráter. Você é mais apto para Imperador que qualquer homem vivo, Toturi-sama. Seu pai estará orgulhoso do legado que construirá para seus filhos.”
Naseru continuou a olhar para a sacada. “Isso é o amigo falando, Tadaji? Ou o servo?”
Jardins Imperiais, ano de 1166
Era raro que o Imperador pudesse abrir mão de suas preocupações diárias para desfrutar de um breve momento de quieta privacidade nos Jardins Imperiais. Todo tipo de planta de todo o Império estava ali representada, assim como uma vasta quantidade das ilhas Mantis e várias espécies que o Unicórnio pode trazer de seus dias de viagens além das fronteiras de Rokugan. Shugenjas a serviço no palácio garantiam que o desenvolvimento dentro do jardim fosse como o da primavera e que se pudesse encontrar delicados e belos botões mesmo quando uma leve camada de neve estava caindo sobre eles, como agora. Se houvesse qualquer serenidade a ser encontrada no palácio, estava contida nos jardins.
Que trágico, então, pensou Naseru, que isso fosse uma mentira.
Houve um discreto farfalhar atrás dele. Naseru sorriu levemente mas não se virou. Ao invés disso, se sentou em um dos vários tabuleiros de go espalhados pelo jardim. “De todas as coisas que admiro em você, Sunetra, penso que talvez sua impecável pontualidade seja minha favorita.”
A jovem Escorpião de pé atrás dele nada disse, esperando em silêncio. Seu espesso manto obscurecia praticamente todos os seus detalhes, apesar de seus brilhantes olhos azuis poderem ser vistos vagamente na fraca luz.
“Você pode falar,” disse Naseru. “É seguro aqui.” Ele apontou para o chão, onde círculos rituais para um duelo de taryu-jiai, o tradicional método de duelo de shugenjas, estavam inscritos no piso.
Sunetra olhou para o círculo. “Essas inscrições são diferentes das do resto do palácio.”
“Parcialmente certo,” disse o Imperador. “A sobre a qual você está, e essas atrás do banco sobre o qual estou são únicas. Meu irmão as projetou, e tenho um shugenja brilhante e inquestionavelmente leal para criar uma cifra única para garantir que ela nunca seja decifrada.”
A Escorpião considerou por um momento. “A que limite você acredita que as pessoas do seu palácio podem estar comprometidas?”
“Não posso estar certo, mas qualquer comprometimento já é abusivo,” respondeu Naseru.
“Esses círculos são confiáveis?” continuou Sunetra. “A cifra pode ser quebrada.”
“Difícil.”
“O shugenja que os criou podia ter deixado anotações, poderia ser coagido a revelar os códigos.”
Naseru assentiu. “Considerei isso, e garanti que tal coisa não acontecesse.”
“Posso ver,” disse Sunetra, inclinando sua cabeça respeitosamente. “Como posso servi-lo, meu Imperador?”
“Tenho estado muito preocupado ultimamente, Sunetra,” disse Naseru, sua expressão cada vez mais triste. “Conte-me sobre sua vitória sobre a Torre Sombria.”
Sunetra assentiu. “Foi no vilarejo de Pokau. Atacamos todas os recursos identificados da Torre simultaneamente, incluindo as posses de seu mestre escondidas no vilarejo. Vi o próprio Atsuki morrer, dilacerado por meu agente Kamnan.”
“E você tem certeza de que ele está morto?”
“Completamente,” respondeu Sunetra imediatamente. “Eu o vi ser cortado em dois.”
“Você confia em Kamnan?” Disse Naseru calmamente. “Você acredita que Atsuki era incapaz de preparar algum tipo de ilusão avançada para perpetuar o que você viu?”
Sunetra começou a dizer algo, então parou. Ela considerou por um momento. “Eu… Inspecionei seus restos. Não havia nenhum tipo de indício de que era uma duplicata ou impostor. Tenho o máximo de certeza possível de que era Atsuki.”
“Confortante,” disse Naseru, coçando seu queixo. “E ainda assim, tenho menos certeza. Conte-me o que sabe sobre os Gozoku.”
“Uma conspiração política de vários séculos atrás,” disse Sunetra rapidamente. “Eles conspiraram para reduzir o Imperador a uma marionete, mas foram desfeitos pela Imperatriz Yugozohime.” Seu semblante se baixou. “Atsuki estava entre os líderes originais da conspiração,” ela adicionou com uma noção de vergonha em sua voz.
“De fato, estava,” confirmou Naseru. “Posteriormente, tenho visto vários indí- cios que me preocupam grandemente. Temo que outra conspiração cresça em nosso meio enquanto falamos. Você acha que é uma infeliz coincidência, Sunetra, que tais coisas ocorram tão pouco tempo depois do suposto desaparecimento de Atsuki?”
Seu semblante ficou como se fosse feito de pedra. “Parece extremamente incomum,” ela disse com calma.
“Concordo,” respondeu Naseru. “Creio que ele ainda pode estar vivo, e que é em parte responsável por esses incômodos.” Ele se virou com olhar acusador à Campeã do Escorpião. “Você falhou para comigo, Sunetra.”
Ela se ajoelhou imediatamente. “Minha falha é imperdoável,” ela disse. “Permita-me limpar a honra de minha família, meu Imperador.”
“Não seja ridícula,” ele disse rispidamente. “Não descarto meus vassalos tão irresponsavelmente. Você tem perícias excepcionais, e a honra de sua família atende facilmente às minhas necessidades.”
Ela pareceu confusa. “O que quer de mim, Toturi-sama?”
“Tenho necessidade de seus talentos únicos. Não há ninguém que possa igualar seus talentos.”
“E o seu vassalo ronin?”
Naseru sorriu. “Yaminu é útil, não há dúvidas, mas ele não morreria por mim. Matar, sim, com grande entusiasmo e eficácia. Mas morrer por mim? Não é da natureza dele. Assim, há grandes coisas que não podem ser confiadas a ele. É aí que você entra.”
“Certamente,” ela disse imediatamente. “Sou sua para ser comandada, como sempre.”
“Você é minha mão de trás,” disse Naseru. “Você tem três meses para organizar seus afazeres. Depois disso, você renunciará à posição de Campeã do Clã Escorpião a um sucessor à sua escolha. Você simplesmente desaparecerá. Você será uma criatura das sombras, e fará as desagradáveis tarefas de que preciso.”
Sunetra empalideceu levemente, mas curvou sua cabeça. “Se é o que deseja, certamente.”
“Peço muito, eu sei,” ele disse. “Estou resignando sua vida uma de vazio e solidão. Você não terá aliados, nem camaradas. Você morrerá sozinha, despreocupada e sem ser lembrada. Você trairá tudo que ama, sem reservas, ao meu comando. Você entende o que estou lhe comandando a fazer?”
“Sim,” ela disse calmamente.
“Muito bem,” ele respondeu. “Você pode oferecer seus serviços a seu novo Campeão, se quiser. Quando não estiver trabalhando para mim, então pode ajudar seu clã no que achar apropriado. Deixarei isso com você. Quando lhe chamar, porém, você responderá imediatamente, independente das conseqüências para o Escorpião. Fui compreendido?”
“Perfeitamente.”
“Excelente. Então vá providenciar seus afazeres como instruído. Uma vez que a transição esteja completa, relate-me na mesma maneira que esta noite. Terei mais informações até lá, e sua caçada por Atsuki recomeça.”
Sunetra se levantou e curvou-se levemente, então se virou para ir embora.
“Não é uma questão de punição,” disse Naseru a ela. “É simplesmente o que é necessário.”
“Claro, meu Imperador.”
Palácio Imperial, ano de 1166
O Imperador atravessou os corredores do palácio, suas mãos em suas mangas. Sua face dura e introspectiva, e todos que o ouviam se aproximar se moviam para dar-lhe privacidade. Ele caminhava de propósito, evitando qualquer passagem que o fizesse passar por outra, até que chegasse às suas câmaras privadas. Não era surpresa que descobrisse alguém esperando por sua chegada, apesar dele estar levemente surpreso por sua identidade. “Não desejo ver ninguém no momento, Sezaru,” ele disse.
“Como quiser, meu senhor,” disse Isawa Sezaru se curvando. “Acabei de ouvir as notícias. Quis ver se você estava bem.”
“A que notícias se refere?” Perguntou Naseru com uma expressão raivosa. “As notícias de que o amigo mais velho de nosso pai está morto? De que a Fênix estava ocultando uma cidade escondida repleta de artefatos perigosos? Ou talvez as notícias de que os Oradores de Sangue agora têm esses artefatos em posse deles? Realmente, não posso escolher uma. Acho todas elas igualmente interessantes.”
Sezaru se curvou. “Compreendo sua ira, Toturi-sama. Não sabia da cidade escondida ou teria lhe informado também. Descobrirei que outros segredos a Fê- nix tem escondido, se desejar.”
“Não,” disse Naseru. “Se você se intrometer em seus afazeres, parecerá que o fez sob meu comando, e me fará parecer ainda mais ignorante por isso. Isso não é aceitável.”
“Certamente. Não quis ofender.”
Naseru abanou o comentário. “Não duvido de seus motivos, Sezaru. Nunca o fiz. Como está progredindo a luta contra os Oradores de Sangue?”
“Não tão bem quanto queria,” admitiu Sezaru. “A cada vez que destruímos um, outro aparece nas sombras. Os destruirei, mas levará tempo.”
“Faça o que deve, mas não hesite,” ordenou Naseru. “A cada dia eles se fortalecem, e mais caem sobre suas facas.”
“Homens como Toku-sama,” disse Naseru calmamente. “Sal vida valia mais que cada Orador de Sangue que já viveu.”
“Nunca conheci um homem tão verdadeiramente virtuoso,” admitiu Naseru. “Tão sem malícia ou rancor. Ele era algo único, e agora se foi.”
“Construa um santuário em sua memória, irmão,” disse Sezaru, pondo de lado a formalidade pela primeira vez que Naseru podia se lembrar. “Lembre-se dele como o pai o faria.” O shugenja pôs sua máscara e curvou-se. “Eu retorno à batalha, meu Imperador” Com isso, ele simplesmente se foi.
Naseru ficou no saguão por vários minutos, considerando as palavras de Sezaru. Toku seria lembrado, não havia dúvidas quanto a isso. O que não tinha lhe ocorrido era que o grande general havia feito um último serviço à dinastia Toturi, na morte como na vida. A única verdadeira questão era se o espírito do pai de Naseru conseguiria ou não descansar sabendo que seu filho usou a morte de seu melhor amigo como parte de seus planos.
Distrito de Seppun Toshiaki, ano de 1167
O velho Toshiaki fechou a tela atrás dele. Os servos saíram à noite, como instruiu. Depois de um dia como hoje, tão cheio de tensões e stress, ele precisava de solidão para superar sua inevitável frustração. O chá que pediu foi preparado como instruiu, ele bebeu do copo delicadamente. Parece que o chefe mais recente finalmente dominou suas específicas necessidades culinárias. Por agora, ao menos, ele estava grato. Ele se cansou muito procurando de um em um por algum chefe com algum grau de competência.
Não demorou mais do que o segundo copo de chá para que percebesse que algo estava errado. A sensação era sutil, como se mascarada. Toshiaki baixou seu copo, com uma expressão de irritação. Algum perturbou seus aposentos. Talvez um servo que não tivesse permissão, ou algum de seus vários inimigos. Independente disso, alguém violou a santidade do seu lar, e haveria repercussões. Toshiaki não subiu ao comando da Vigília Oculta pelo poder político, e se alguém achou que ele fosse um fácil para suas interferências, eles perceberiam logo que sua ira era algo terrível.
Houve o som de sopro e de repente Toshiaki ficou cego, seus olhos ardendo e derramando lágrimas incontrolavelmente. Ele berrou estranhamente e ergueu uma mão, soltando uma rápida prece aos kamis e liberando um trovão que rachou a madeira em algum lugar da sala. Algo atingiu o velho shugenja no lado de sua face, algo metálico e com força excepcional. Toshiaki ouviu sua mandí- bula quebrar, e gemeu em dores.
Algo foi derramado sob a parte de baixo de sua face. Era líquido, mas grosso e quente ao toque. Isso selou seus lábios juntos como se fosse cera, mas mesmo enquanto se arrastava, não podia ser retirado. O cheiro era insuportável. Outro jorro líquido foi jogado, mas dessa vez era apenas água. Seus olhos clarearam, mas ainda não podia libertar sua boca pelo composto de secagem rápida que a obstruía.
Um homem estava diante dele, vestindo as vestes rudes de um ronin. Seu ferido e cinzento semblante não tinham expressão, e Toshiaki o viu amarrando uma pequena garrafa em seu obi. O velho pegou uma faca que sempre mantinha em sua cintura. Seu oponente o olhou com uma expressão de desdém e jogou a lâ- mina para longe antes mesmo que o shugenja pudesse busca-la. Com sua outra mão, o ronin agarrou o cabelo do homem e bateu sua cabeça contra a superfície da mesa. A dor em sua cabeça era incrível, e a renovada dor de sua mandíbula quebrada parecia massacra-lo completamente.
O ronin o jogou no chão e colocou um pé em seu pescoço. “Ouça bem,” ele sibilou, sua voz quase um suspiro. “Tenho uma mensagem para você e demorou para que eu memorizasse tudo. Se você interromper, terei que recomeçar. Você sofrerá por isso.” Ele limpou sua garganta, então começou. “‘Olá, velho amigo. Peço perdões por não poder ter vindo pessoalmente, mas certamente você entenderá que não é possível. Você dificilmente é o adversário que imaginei que fosse. Acreditei que fosse um homem de poder, mas não é nada mais que um espião e um pulha. Seu embaraço no funeral do General o deixou inútil aos seus mestres, e como resultado, você não tem mais utilidade para mim. Você foi uma irritação para mim, Toshiaki, e agora eu decidi que é hora de encerrar essa irritação. Conforte-se que, em sua morte, você tem apenas um uso para mim.’”
Com isso, o ronin levantou seu pé da garganta de Toshiaki, permitindo que o velho enchesse seus pulmões com grandes inspirações pelas suas narinas. “Uma vez que a mensagem tenha sido entregue, meu trabalho é apenas um,” continuou o ronin. “Devo garantir que seus co-conspiradores entendam o destino que os aguarda.” O homem se ajoelhou ao lado de Toshiaki e desembainhou uma faca. A lâmina brilhava na baixa luz, ele fez um sorriso sinistro. “Meu dever,” ele disse com sarcasmo. “É servir.”
Está história acontece em Rokugan, Império Esmeralda, ambientado em Lenda dos Cinco Anéis, saiba mais aqui: Lenda dos Cinco Anéis
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